Unidas ao estilista Sioduhi, as plataformas Puwakana e Ikaben mostram que o futuro da moda sustentável está na valorização da cultura e do empreendedorismo amazônico
Texto: Milena Monteiro
O estilista e designer Sioduhi chegou, no início de junho, a Benjamin Constant para um projeto inédito com as startups locais Puwakana e Ikaben. A colaboração – que incluiu um ensaio fotográfico às margens do Rio Solimões – uniu alta-costura, bioeconomia e conhecimento ancestral da região, projetando a inovação local como futuro sustentável da moda.
A materialização do projeto ocorreu entre os dias 5 e 12 de junho, com um ensaio fotográfico liderado pelo estilista e fotógrafo Alex Costa. O trabalho conjunto definiu a identidade visual da primeira coleção das startups, uma colaboração que reflete a filosofia de Sioduhi – que também é fundador do Sioduhi Studio. Segundo ele, os saberes e tecnologias dos povos originários são uma fonte vital e enriquecedora da cultura brasileira.
De acordo com Murana Arenillas, cofundadora da Puwakana, a alma da startup foi traduzida em imagens. “Conseguimos alcançar resultados significativos para o posicionamento da nossa marca com um olhar artístico e criativo”, diz ela, acrescentando que a plataforma se dedica a gerar impacto socioambiental e fortalecimento econômico por meio da conservação e promoção do empreendedorismo indígena.

A iniciativa, contudo, não é um caso isolado, mas parte de um ecossistema de inovação que floresce em Benjamin Constant. É nesse cenário de parceria que a startup Ikaben, fundada pelo administrador Joeliton Vargas Moraes, Indígena do povo Kokama, completa o ciclo da bioeconomia local. A missão, segundo ele, é garantir que a riqueza da floresta chegue ao consumidor final com rastreabilidade e propósito – visão aprimorada a partir da colaboração com Sioduhi.
“Sioduhi nos proporcionou insights valiosos sobre a importância de cada detalhe em uma peça — do tecido à simbologia, do acabamento ao propósito. Sua trajetória como artista e sua visão de mundo nos inspiram profundamente, reafirmando que estamos trilhando um caminho de verdade, ancestralidade e inovação”, afirma Vargas.
O encontro em Benjamin Constant pode ser entendido como reflexo de um movimento crescente no mercado. A colaboração sugere que a inovação também pode surgir fora dos grandes centros, por meio da união entre o design contemporâneo e o conhecimento ancestral. Além de criar produtos, a iniciativa de Sioduhi e das startups busca consolidar um modelo de negócio baseado em princípios de sustentabilidade e valorização cultural.