Iniciativas apoiadas pela Inpactas mostram que é possível inovar com os pés na terra e o olhar no futuro.
Manaus — Três startups nascidas no Alto Solimões mostraram que inovação também vem da floresta. Selecionadas entre as 15 mais promissoras da Expo Favela Innovation Amazonas 2025, elas foram destaque no evento que reuniu iniciativas empreendedoras de todo o estado nos dias 2 e 3 de agosto, no Centro de Convenções Vasco Vasques, em Manaus.
As três iniciativas fazem parte da Inpactas, incubadora de negócios de impacto ligada ao Instituto de Natureza e Cultura da UFAM (INC/UFAM), em Benjamin Constant. O feito é considerado inédito para a região, que até então não havia alcançado esse nível de reconhecimento em eventos de inovação.
A Fluviverde apresentou uma solução prática para um problema recorrente na Amazônia: o transporte nos rios durante as secas extremas. A startup desenvolveu barcos modulares movidos a energia solar, que se adaptam ao nível dos rios mesmo em períodos de estiagem severa. Além disso, capacita comunidades ribeirinhas para operar e manter as embarcações, gerando renda e autonomia. “A gente não quer só navegar, quer mudar a forma como as pessoas se conectam com os rios”, destacou Stephany, uma das fundadoras.
Já a Ingalate chamou atenção com um chocolate inovador: feito sem cacau, a partir da semente do ingá, fruta típica da região. A receita mistura tecnologia, sabor e tradição, com um produto vegano, regenerativo e feito com matéria-prima da floresta. “É o primeiro chocolate amazônico que respeita o ritmo da natureza e valoriza os saberes locais”, explicou Francisco Adriano, idealizador da marca.
A terceira selecionada foi a Kaweru, criada por um grupo de indígenas que transformam o pseudocaule da bananeira — que normalmente seria descartado — em embalagens biodegradáveis. A proposta une sustentabilidade, combate à poluição plástica e geração de renda a partir de um insumo abundante e acessível. “Deu tudo certo, me preparei para estar aqui e consegui responder todas as perguntas sobre o negócio. Eu estou muito feliz, apesar do nervosismo”, disse Joseney dos Santos, da etnia Kambeba, cofundador da startup.
A presença das três startups na Expo Favela Amazonas representa mais do que um prêmio: é um sinal de que a Amazônia está criando, inovando e empreendendo com base em suas próprias riquezas. Para a Inpactas, é um marco. “É a floresta se tornando solução. E quem vive nela sendo protagonista da mudança”, resumiu a equipe da incubadora.
A Expo Favela Innovation Amazonas é uma iniciativa que dá visibilidade a ideias transformadoras de dentro das comunidades. E neste ano, o interior mostrou que tem muito a ensinar quando o assunto é impacto com raízes locais.
