Fonte: Com informações de Universidade Federal do Pará
A arqueóloga paraense Daiana Travassos Alves, professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi uma das vencedoras da categoria Impacto Social da Brazil Conference at Harvard & MIT, realizada em abril, nos Estados Unidos. O reconhecimento veio pelo seu projeto de pesquisa “Manejo de plantas nas terras pretas do Baixo Tapajós”, que investiga as práticas ancestrais indígenas de fertilização do solo e policultura agroflorestal na Amazônia.
Desenvolvido em diálogo com comunidades da Floresta Nacional do Tapajós, no oeste do Pará, o estudo utiliza métodos da arqueobotânica para analisar restos vegetais encontrados em sítios arqueológicos, revelando como antigos povos indígenas contribuíram para a biodiversidade e fertilidade das florestas. Segundo a pesquisadora, os resultados reforçam a importância do legado indígena para a ciência e para as comunidades atuais.
Como parte da devolutiva do projeto, a equipe produziu materiais educativos solicitados pelas lideranças locais, como banners para trilhas turísticas e calendários didáticos utilizados nas escolas da Flona. “Procuramos integrar os saberes arqueológicos ao cotidiano das comunidades, fortalecendo o conhecimento sobre suas origens e sua relação com a floresta”, destaca Daiana.
A pesquisadora também lidera o grupo Tapera de arqueologia amazônica e coordena novas investigações com apoio do CNPq, como o projeto “Florestas Culturais e Territorialidades na Amazônia Oriental Pré-Colonial”, em parceria com pesquisadores do MPEG e da UFPA.
A premiação na Brazil Conference, evento que reúne lideranças científicas e sociais para debater os desafios do Brasil, trouxe visibilidade internacional para o trabalho. “Espero que esse reconhecimento contribua para impulsionar o turismo ecoarqueológico na Flona Tapajós e beneficie diretamente as comunidades locais”, afirmou.
Com uma trajetória dedicada ao estudo das práticas indígenas na região, Daiana também desenvolve escavações no sítio arqueológico Sambaqui Jacarequara, em Barcarena (PA), envolvendo moradores e crianças em atividades educativas. Seu trabalho é um exemplo de como ciência e comunidade podem caminhar juntas para recuperar e valorizar a história milenar da Amazônia.